A
cidade de Canoas está passando por uma crise de enchente, com barcos e motos aquáticas se movendo incessantemente. Decenas de pessoas foram resgatadas de bairros distantes da região metropolitana de Porto Alegre. Enquanto as pessoas são resgatadas, outros moradores estão distribuindo itens básicos. O Hospital de Pronto Socorro foi evacuado e os pacientes foram transferidos para outras unidades por helicóptero. A prefeitura determinou a saída imediata dos moradores de bairros inteiros. Imagens mostram pessoas saindo de seus carros na estrada completamente obstruída, com várias camionetes trazendo barcos para fazer os resgates. Os moradores estão tentando sair do local o melhor que podem. A cuidadora de idosos Cleusa Xavier lamentou a perda de tudo. Para o vendedor Otávio Rech, o que se vê é um desastre: "Várias pessoas estão ilhadas, alguns corpos a flutuar. É um cenário de guerra". No centro-sul do estado, a força da água arrancou pontes e casas na cidade de Toropi. Um casal de idosos está isolado desde segunda-feira (29). Agora, em segurança, no hospital, eles conseguem se alimentar. Em Santa Maria, o pequeno Levi aproveita as primeiras horas de vida ao lado da mãe, Vitória. Ela foi resgatada em Restinga Seca, onde mora, já em trabalho de parto. "Meu Deus, passando assim por cima de tudo e vendo tudo alagado... Foi sorte também, né. Um milagre", contou Vitória Gomes. No Vale do Taquari, um bebê de dois anos foi resgatado por militares, pelo telhado, em Bom Retiro do Sul. Outras quatro pessoas que moravam na mesma casa também foram salvas. O número de pessoas resgatadas não parou de subir ao longo do dia. Em Porto Alegre, treze abrigos recebem os moradores que precisaram sair de casa. Ginásios, teatros, clubes, escolas e até igreiras abriram as portas para os desalojados. "Já tava chegando no segundo piso. Aí eu resolvi sair. Nunca imaginei, nunca imaginei passar por isso. Eu não sei pra onde eu vou agora. Eu vou ver se consigo algum lugar pra ficar", afirmou o motorista de aplicativo Jean Silva. Bombeiros e voluntários percorreram as ruas tomadas pelas águas durante todo o sábado (4). O bombeiro civil Rodrigo Rabello explica que o trabalho "é de formiguinha". "A gente tá ajudando como pode. Tem muita gente ilhada aí e isso que me deixa mais nervoso. Tem muita gente idosa e a gente não sabe o que pode acontecer." O açougueiro Sérgio Idearte saiu do interior de Agudo, no norte do estado, e foi parar em Ibarama. Andou mais de trinta quilômetros a pé em busca de ajuda. Agora quer notícias da família. "Atravessei mato, morro, desviando rio, desviando arroio. O que mais me interessa é saber se eles tão bem. Eu, graças a Deus, tô bem."
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