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Indígenas fazem ritual de dança na favela Real Parque, em SP

Creditos: Terra

O
povo Pankararu, originário de Pernambuco, realizou o toré na UBS Real Parque, na zona sul de São Paulo, como uma referência de saúde indígena. A dança ritual do toré atrai boas energias e é da terra ancestral Brejo dos Padres, em Tacaratu. A etnia pankararu veio para a capital paulista em busca de sobrevivência e agora vive na capital, na Região Metropolitana e interior paulista.

    No dia 19 de abril, Dia dos Povos Indígenas, representantes da etnia pankararu pararam o atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Real Parque, na zona sul da capital paulista. A sala de recepção ficou repleta de pessoas e sons de chocalhos para o ritual do toré. O povo pankararu é originário de Pernambuco e veio para São Paulo desde a década de 1940, fugindo da seca e outras dificuldades. Na capital paulista, trabalharam em obras monumentais como o Palácio dos Bandeirantes e o Estádio do Morumbi. Muitos ficaram na zona sul, morando precariamente perto do trabalho, no Jardim Panorama e na favela Real Parque.

    Henrique Pankararu nasceu no dia 19 de abril e sua avó, que o criou, morreu no Dia dos Povos Indígenas. Ele se entendia como negro, mas descobriu que era pankararu. Articulados mantém a primeira Unidade Básica de Saúde com atenção às necessidades indígenas no Real Parque. Oito homens e mulheres, devidamente paramentados, entoaram cantos, agitaram seus maracás e dançaram o toré na UBS. Foram acompanhados por cerca de 30 pessoas, entre funcionários da UBS, pacientes e parentes da área e de outros bairros.

    Ivone Pankararu é casada com Adilson Luiz Nascimento e trabalha juntos vendendo artesanato indígena. Eles sobrevivem da venda de artesanato e o marido não sabe bem o preço das peças. Sua esposa chegou à UBS com a parente Katelyn França, que a ajudou a montar a banca. Com elas estava Maria Erileide, nascida na aldeia em Pernambuco. A favela Real Parque é uma quebrada peculiar com prédios chiques, ruas planas e sinalizadas, SUVs para todo lado e ruas em declive, casas pobres e prédios populares.

    Adilson Luiz Nascimento representa a maioria das histórias do povo pankararu em São Paulo. Nasceu na aldeia onde a seca castigou e viveu lá até os 22 anos. Sem oportunidade de emprego, veio sozinho para São Paulo e "desabou no mundão". Apesar da selva de pedras, ele se surpreendeu por encontrar áreas verdes na capital, como no Real Parque. Trabalhou em diversos locais e ocupações e permaneceu por mais tempo na cozinha de um hotel no Morumbi, onde viveu por seis anos. Hoje, vive do artesanato que aprendeu em São Paulo com os parentes. Ele tem dois filhos com Ivone e voltou para a escola. Ele repetiu aos filhos que precisam estudar e que "estamos mostrando nossa cultura para Deus e o mundo ver".

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